Obesidade, o que é e o que fazer?
A obesidade, sua visibilidade e seus conceitos
A obesidade é um dos problemas mais graves de saúde pública da sociedade (HAUSE; BENETI; REBELO, 2004), sendo tratado como uma epidemia e atingindo tanto os países emergentes quanto os desenvolvidos (DOMENICO et al., 2008). Segundo a Organização Mundial de Saúde (WHO, 1998), é tido como uma epidemia que pode acarretar inúmeras consequências nos âmbitos físico, psicológico e social, sendo ainda associada a um grande número de patologias não transmissíveis.
O acúmulo patológico das reservas de energia na forma de gordura é o que caracteriza a obesidade. A maior dificuldade se dá em como medir o tecido adiposo no organismo e como estabelecer o limiar a partir do qual um determinado indivíduo será rotulado como obeso (BERNE; LEVY, 2000). Para tanto, foi desenvolvido o Índice de Massa Corporal (IMC), método usado para definir e classificar o indivíduo em parâmetros de saúde (CIOLAC; GUIMARÃES, 2004). Para o cálculo de tal, usa-se como base os valores de peso e estatura [IMC = peso (kg)/estatura (m)2] e defini-se como excesso de peso ou obesidade, um IMC superior a 25,0 kg/m2 e 30,0 kg/m2 respectivamente (CLEMENTE et al., 2004). A obesidade pode ainda ser considerada como uma alta taxa de gordura corporal com valores de superiores a 25% nos homens e 32% nas mulheres (LOHMAN, 1993).
Alterações fisiológicas causadas pela obesidade
A obesidade pode ser caracterizada por uma série de fatores, podendo haver um ou mais responsáveis pela sua causa (PI-SUNYER, 2002). As causas mais comuns são o desequilíbrio na balança energética e o fator genético. Este último tem menor predomínio que fatores ambientais como causas da obesidade, e, contudo, sua maior influência seria na determinação da distribuição da gordura corporal (LANCHA; LANCHA, 2006).
Quanto à sua classificação, tem sido tratada como uma desordem oriunda primariamente da alta ingestão energética. Entretanto, algumas evidências sugerem que grande parte da obesidade é mais devida ao baixo gasto energético que ao alto consumo de comida, enquanto a inatividade física da vida moderna parece ser o maior fator etiológico do crescimento dessa doença nas sociedades industrializadas (MATSUDO, 2002; ERIKSSON; TAIMELA; KOIVISTO, 1997). Em síntese, ela é proveniente de um desequilíbrio provindo da alta ingestão com o baixo gasto energético, resultando em um balanço energético positivo (CIOLAC; GUIMARÃES, 2004; GUYTON, 2002).
Um forte fator para o desenvolvimento da obesidade é o sedentarismo, uma vez que sua maior incidência está relacionada com indivíduos que possuem um estilo de vida sedentário (ROSCHEL; LANCHA; VIEIRA, 2006). Inatividade física associada à falta de condicionamento físico tem sido considerada como um fator de risco para mortalidade prematura tão importante quanto o fumo, a hipertensão arterial e a dislipidemia (BLAIR, 1996). A união de tais fatores de risco pode ainda, levar o indivíduo à síndrome metabólica. Essa síndrome, também conhecida como síndrome da resistência à insulina, síndrome “X”, quarteto mortal ou síndrome plurimetabólica, é caracterizada pelo agrupamento de fatores de risco cardiovascular como hipertensão arterial, resistência à insulina, hiperinsulinemia, intolerância à glicose/diabete do tipo 2, obesidade central e dislipidemia (LDL colesterol alto, triglicérides alto e HDL colesterol baixo) (BLAIR, 1996; DOMENICO et al., 2008; CIOLAC; GUIMARÃES, 2004; PI-SUNYER, 2002; ERIKSSON; TAIMELA; KOIVISTO, 1997; ROSCHEL; LANCHA; VIEIRA, 2006; OLIVEIRA et al., 2004).
Estudos ainda relacionam a obesidade à doenças cardiovasculares (DCV), problemas respiratórios, apneia do sono, doença circulatória venosa, câncer, disfunção gastrointestinal, artrite, gota e problemas dermatológicos (DOMENICO et al., 2008; PI-SUNYER, 2002). Em seu estudo Styne (2001) relacionou o sobrepeso e a obesidade a outros fatores de risco, e encontrou a presença de pelo menos um fator de risco para DCV (hipertensão, dislipidemia ou hiperinsulinemia) em 60% das crianças e adolescentes com excesso de peso, sendo que 20% apresentam dois ou mais fatores de risco.
Nos indivíduos obesos, a deposição de gordura é aumentada, em função de haver uma diferenciação do perfil de certos hormônios reguladores do metabolismo (insulina, cortisol e GH). Contudo, há uma elevação das concentrações de endorfinas, sugerindo uma maior participação deste neuropeptídeo e consequente estimulação do apetite. Não obstante, nas pessoas obesas o tecido adiposo contém maiores quantidades de lípase lipoproteica, enzima responsável pela locomoção dos triglicerídeos para as células (BERNE; LEVY, 2000).
Controle da Obesidade
Segundo um posicionamento do ACSM (2001), o que possibilita o tratamento da obesidade é a obtenção de um gasto energético maior que o consumo energético diário. Entretanto, para isso não basta que apenas a quantidade de comida ingerida na dieta seja reduzida. Para o controle da obesidade, é necessário que sejam feitas mudanças no estilo de vida, através de aumento na quantidade de atividade física praticada e da reeducação alimentar. A conscientização aos pacientes sobre esses riscos deve ser realizada, principalmente àqueles que já apresentem ou tenham história familiar de doenças precipitadas ou agravadas pela obesidade (PI-SUNYER, 2002). Mudanças no estilo de vida, mesmo em curto prazo, pode proporcionar alterações na composição corporal como redução de percentual de gordura (VARELA et al., 2007). Dentre essas mudanças encontram-se também a postura familiar, os hábitos alimentares, o estilo de vida, a atividade física e a correção alimentar de longa duração (ACSM, 2001; HALPERN; MANCINI, 2000; MENDONÇA; ANJOS, 2004; PI-SUNYER, 2004).
No tratamento nutricional da obesidade deve se pautar na avaliação do estado nutricional, para que seja possível a determinação do diagnóstico nutricional e das necessidades nutricionais do indivíduo, o desenvolvimento do plano de ação nutricional, a implementação da dietoterapia, determinada pelo cálculo da dieta e conteúdo de macro e micronutrientes, a educação nutricional, envolvendo conceitos básicos de saúde e alimentação, e a avaliação da eficiência da intervenção (CARVALHO, 2002).
Quando o tratamento da obesidade é realizado apenas através da dietoterapia, há uma diminuição da taxa metabólica de repouso (através de diminuição de massa muscular) e da termogênese induzida pela dieta, o que leva à redução ou manutenção na perda de peso e tendência de retorno ao peso inicial, apesar da restrição calórica contínua, contribuindo para uma pobre eficácia de longo período desta intervenção (ERIKSSON; TAIMELA; KOIVISTO, 1997). Para isso não ocorrer, recomenda-se combinar a restrição calórica com os exercícios físicos, mantendo assim a taxa metabólica de repouso, e melhorando os resultados nos programas de redução de peso de longo período (POWERS; HOWLEY, 2005).
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SILVA, P.S.C.; LIMA, T.R. Obesidade, o que é e o que fazer? EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires, Ano 18, n. 185, Out 2013.
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